quarta-feira, 15 de abril de 2009

Abusando do direito de "ir e vir"

Poderia começar o texto de hoje com aquela colocação sobre a existência de "pessoas cometas e pessoas estrelas" ou então usar o clichê "as pessoas entram em nossas vidas por acaso, mas não é por acaso que elas permanecem..." (ou que vão embora!)
Em geral, parece que as pessoas estão confundindo o significado de livre arbítrio, sim, livre escolha, livre opção pra fazer o que bem entender. Contudo, não existe ação sem reação. A decisão vai ser sempre sua, mas as consequências também serão de sua inteira responsabilidade.
Shakeaspeare que me desculpe, mas eu descordo do pensamento que "tu és eternamente responsável por aquilo que cativas", ninguém é eternamente responsável por nada e quem se deixou cativar também é culpado.
Sinto que a cada dia que passa os relacionamentos têm perdido a essência, embora a intimidade dada a estranhos só tenha aumentado.
A modernidade hoje transmite uma liberdade de expressão vinculada a crueldade, ao despeito, a indiferença. Falta decência, falta comprometimento, falta "amar ao próximo como a si mesmo".

Comprometimento:
Iniciar uma relação que tende à convivência; que gera liberdade; que dá intimidade; que pede respeito; que espera consideração, onde o bom senso é fundamental... envolve compromisso. E há pessoas que simplismente ignoram isso!
Se acham no direito de usar do seu livre arbítrio pra ir e vir quando quiserem, quando lhes for conveniente. Um dia estão aqui, no outro não. E você fica ali, esperando uma explicação, uma manifestação que seja, um sinal... E aquela criatura sabe-se-lá baseada em que fundamento se ausenta...
A primeira coisa que você percebe é que não existe mais um relacionamento, até aí tudo bem, relacionamentos se desfazem todos os dias, (nesse momento mesmo deve ter algum se desfazendo), depois você começa a sentir falta da convivência, ok, com o tempo.. acostuma, aí você se dá conta que perdeu a liberdade e a intimidade com aquele sujeito (que até ontem te chamava pelo apelidinho carinhoso que ele mesmo inventou), por fim o mínimo que poderia ter restado, no caso a consideração e o respeito, sumiram, junto com todos os outros indícios... Chega a hora então, de você, a essa altura já completamente atônita, buscar notícias, buscar compreender o-que-diabos-aconteceu... buscar um motivo (mesmo que inaceitável a princípio), depositando sua última esperança no bom senso e ter que se contentar com NADA. A solução?
A solução é abstrair. Engolir esse caroço fingindo autoconfiança, tentando controlar toda a inquietação que sufoca o peito. Padecendo na indignação. Remoendo a frustração de ter permitido, independente do tempo, que um estranho (que você pensou conhecer) te cativasse.
Esse tipo de situação bizarra acontece com frequência por aí... e destroem neurônios, causam insônia, depositam mágoa.
É por essas e outras que eu não suporto meio termos, detesto as coisas pela metade. Não sei lidar com o sub-entendido, sou incapaz de interpretar o silêncio.
Eu gosto do que é falado, do que é explícito, do que é sincero. Sempre fui bem-resolvida nesse aspecto, não planto dúvidas em ninguém e me considero digna de merecer reciprocidade.
Todos deveriam saber que em um mundo como o nosso, onde prevalece a carência, elogios são facilmente esquecidos... mas experimente só ofender alguém uma única vez.
Bandeira branca pra arte do desapego!


Sem mais.
Tchau, I have to go now...

Um comentário:

  1. Amoi, vou ser obrigada a descordar um pouquinho.
    Na minha concepção de relacionamentos, Shakeaspeare, tem sim sua razão. Porque ninguém se envolve do nada. Todos nós aprendemos desde cedo até onde ir dentro de uma relação. O único problema, é que as pessoas não sabem desapegar, mesmo que não queiram. Hoje tudo anda tão sentimentalmente anestesiado que as pessoas nem se importam mais nos danos causados a alguém. Querem muito. Querem mais. Quantidade. Quanto mais se sabe querido, mais se despreza. Poisé, amoi, viver em terra de Malboro não é pra qualquer um não.
    Também, como você bem sabe, sou apaixonada pelas palavras, entretanto,durante a minha vida inteira me perguntei por que as pessoas não entendem uma palavra do que eu falo. Cresci, faço Jornalismo, aprendi a escrever e a escolher minuciosamente as palavras para que a semântica não me traisse. Aprendi a me expressar de forma correta, a escrever o que penso e sinto. Não existe vírgula errada, pontos ou parágrafos mal colocados…E mesmo assim, ainda hoje, ninguém entende uma frase completa. Infelizmente a gente precisa que as pessoas aprendam a interpretar o que está à sua volta.
    Só que em algumas situações não adianta usar todo seu português bem estudado ou simplesmente abrir seu coração. Não resolve porque simplesmente não adianta tentar sensibilizar as pessoas com aquilo que elas não conhecem.
    Te amo.
    E fico encantanda como você tem dominado as palavras com uma facilidade e beleza incrivel.
    Beijo, mandinha.

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